23 de novembro de 2011

O homem que confia em Deus testemunha na perseguição


Jesus continua falando sobre as perseguições que os discípulos sofrerão. Estas advertências estão inseridas em Sua fala ao fazer o envio missionário.
As provações dos discípulos de Cristo têm um alcance escatológico, isto é, anteciparão não só a destruição de Jerusalém, mas também a própria Parusia. Tendo em vista que serão perseguidos tanto pelas sinagogas judaicas como por reis e governadores gentios.
Nos Evangelhos sinóticos encontramos conjuntos de textos escatológicos, com estilo apocalíptico, que prenunciam o fim dos tempos, de maneira trágica, com a volta do “Filho do Homem”. Este estilo literário reproduz a forma encontrada no Antigo Testamento, no qual, a partir do “Dia de Javé” – dia de terror para o mundo, porém, de glória para Israel – se elaborou uma literatura apocalíptica. A presença desses textos no Novo Testamento é o reflexo da antiga tradição das primeiras comunidades de convertidos do Judaísmo. Tais textos são encontrados, em bloco, nos “discursos escatológicos”, em Mateus (cap. 24-25) e em Marcos (cap. 13), e em dois discursos em Lucas. A invariabilidade das sentenças dos textos, nos três Evangelhos, leva a supor que os evangelistas recorreram às mesmas fontes de tradição, especificamente escatológicas.
O discurso escatológico em Marcos prioriza o prenúncio da destruição de Jerusalém, à qual é associada a vinda do Filho do Homem. No discurso escatológico de Mateus, as sentenças sobre a destruição de Jerusalém e sobre a vinda do Filho do Homem estão entremeadas. Lucas, em um primeiro discurso, destaca o tema escatológico da vinda do Filho do Homem (cf. Lc 17,22-37) e, em outro, retoma esse assunto a partir do tema da destruição de Jerusalém, incluindo também a perseguição contra os discípulos missionários (id. 21,5-36).
No início do ministério de Paulo havia uma expectativa da volta iminente de Jesus, a Parusia. Contudo, essa expectativa surtiu efeito negativo, tendo em vista que muitos passaram a viver uma vida ociosa e desordenada. Com o tempo, essa realidade [a expectativa da Parusia] foi desaparecendo, dando lugar à consciência da presença atual de Jesus nas comunidades dos discípulos, que lutam por um mundo novo possível.
O testemunho, nas perseguições e diante dos tribunais, não é resultado da eloquência, mas sim do abandono confiante nas mãos de Deus. É o próprio Jesus quem dá ao discípulo as palavras adequadas a serem proferidas diante dos tribunais. Lucas tinha em mente o testemunho de Estevão e outros mártires.
As comunidades dos discípulos, comprometidas com a missão, ao longo da história, têm vivido sob as diversas provações impostas pelos poderosos. A perseverança nas tribulações, suportadas em nome de Jesus, é o caminho para a vida.
Dai-me, Senhor, a graça da perseverança nas tribulações a fim de que eu tenha vida plena em Vós.
Padre Bantu Mendonça

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