No Evangelho de hoje vemos Jesus sorridente, com os olhos brilhando: “Jesus exultou de alegria no Espírito Santo” (Lc 10,21).
A alegria é uma característica de todo cristão porque primeiro foi de Cristo, é dom do Espírito Santo para todo batizado, é o que os primeiros cristãos possuíam (cf. At 2,46) e todos nós devemos ter.
Mas por que Jesus exultou de alegria naquele momento? Porque viu os planos do Pai se concretizando de uma maneira que é bem característica da Santíssima Trindade. Cristo reconhece e exulta de alegria ao ver a humanidade mais uma vez participar das grandezas divinas. Nosso Senhor glorifica Seu Pai porque Ele não escolheu os “sábios e entendidos” para serem os primeiros discípulos do Mestre, mas os pequeninos: povo sem estudo, sem muito entendimento, que não era capaz de muita coisa.
Creio que Jesus, em Sua humanidade, tenha se desanimado um pouco ao olhar para aqueles 72 discípulos e ver a realidade. Tinha sido Ele mesmo que os havia escolhido por desígnio do Pai, mas Ele aconselha-os a rezar ao Senhor pedindo mais operários para a messe (cf. Lc 10,2) pois aqueles não pareciam suficientes. Cristo reconhece que Seus discípulos são ovelhinhas perto dos lobos astutos e inteligentes, mas envia-os mesmo assim, acreditando que eles serão sustentados de modo que nem precisam levar bolsas (cf. Lc 10,3-7), pois serão portadores da paz.
Após esse envio, os 72 discípulos voltam alegres dizendo que até os demônios se submeteram a eles pelo nome de Jesus. Parece incrível, não? É como a profecia de Isaías na qual é prometida a harmonia entre lobo e cordeiro, pantera e cabrito, touro e leão, vaca e urso, criança e víbora. Tudo isso será possível porque sobre o nosso Salvador repousa o Espírito Santo com todos os Seus dons e porque Ele não julga pelas aparências nem pelo ouviu dizer, mas com retidão e justiça (cf. Is 11,1-8).
Esta é uma grande lição para todos aqueles que ficam tardando para dar uma resposta ao Senhor porque se acham incapazes, fracos e pequenos. Somente os pequeninos, isto é, os que abrem o coração e não colocam a razão em primeiro lugar, poderão distinguir os prodígios e milagres que acontecem quando o Reino de Deus se lhes manifesta pela ação do Espírito Santo. Jesus louvou ao Pai e exultou no Espírito quando os Seus discípulos “enxergaram” as maravilhas que ocorreram quando eles saíram anunciando o Reino.
“Felizes os olhos que veem o que vós vedes!” Quando nos dispomos a divulgar o Reino dos Céus aqui na terra, é sinal de que ele já está acontecendo na nossa vida e, à medida que nos abrimos, mais e mais vamos experimentando a alegria e a felicidade interior. O Pai se dá a conhecer por intermédio da revelação do Filho e quanto mais conhecermos a Jesus, tanto mais teremos comunhão com Deus Pai e, assim, estaremos vivendo a felicidade tão almejada.
O que vale para Jesus não são a inteligência e sabedoria humanas, mas o conhecimento de Deus. “Ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho quiser revelar” (Lc 10,22). Ditosas são as nossas almas quando acreditamos na misericórdia e bondade do Senhor, mesmo que nossos olhos carnais não O tenham visto.
Obrigado, Pai, por nos conceder a oportunidade de Te conhecer mais profundamente. Obrigado, Jesus, por nos apresentar o Pai e nos aceitar como irmãos Teus, à medida que agimos como Tu nos ensinaste. Obrigado, Espírito Santo, por nos santificar, dando-nos coragem para enfrentar as batalhas do dia a dia e dando-nos paciência para esperar o momento de Deus para aquilo que não podemos mudar.
Padre Bantu Mendonça
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