A parábola está unida à pergunta dos chefes dos sacerdotes e dos anciãos do povo com a pergunta: “Com que autoridade fazes estas coisas?” ou seja, “Quem te concede essa autoridade?” (cf. Mt 21,23). Jesus não a responde diretamente, mas indica que Seus inimigos não estão em condições para aceitar essa autoridade. Já que negaram a João como profeta de Deus, seria difícil que O aceitassem também como profeta.
A vontade de Deus, para eles, resultava secundária diante dos fins particulares que se ocultavam sob a aparência de religiosidade. O texto de hoje distingue o verdadeiro do falso e simboliza, nas duas condutas contraditórias, o que na realidade estava ocorrendo entre os judeus da época.
Cristo começa o seu discurso com a pergunta: “Que vos parece?” A pergunta é uma chamada de atenção para um exemplo que imita, em breves parágrafos, a realidade vivida nesses instantes. Vejo aqui não uma proposta, mas sim um mandato a trabalhar na vinha. Os dois respondem a esta ordem.
A resposta do primeiro filho foi um “não quero”. Mas logo se arrependeu e foi. Legalmente ele não cumpriu seu dever; mas, na realidade, ele acatou a vontade do pai e fez o que devia ter feito.
A resposta do segundo filho – aparentemente – foi de total conformidade. Mas seus atos desmentiram sua palavra.
Qual dos dois fez a vontade do pai? Evidentemente, a resposta não poderia ser outra a não ser a daquele filho que finalmente foi trabalhar na vinha. E Jesus agora responde à pergunta com que autoridade Ele havia expulsado os vendedores do Templo, pois comenta a resposta dos chefes dos fariseus e dos anciãos afirmando rotundamente: “Em verdade vos digo que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. Porque João veio até vós, num caminho de justiça, e vós não acreditastes nele”.
Tendo em vista que os publicanos e as prostitutas acreditaram em João e se converteram. Basta saber a pergunta dos publicanos que vieram a ser batizados por João: “Mestre, que devemos fazer?” (Lc 3,12). A palavra “Mestre” indica que eles acreditavam na palavra de João. Nada temos sobre as prostitutas. Sabemos, sim, que muitos publicanos e pecadores escutavam com agrado as palavras de Jesus como declara o Evangelho de Mateus 9,10 e, especialmente, em Lucas 15,1: “Todos os publicanos e pecadores estavam se aproximando para ouvi-lo”. Isso indica que estavam, no mínimo, interessados no Reino através de Jesus; o que não acontecia com os dirigentes judeus, escribas e fariseus, que só buscavam uma desculpa para poder condená-lo (Lc 6,7).
A parábola indica que os caminhos de Deus são diferentes dos caminhos da justiça humana. Segundo esta, não haveria muitas possibilidades para um arrependido se tornar um novo homem. Tudo indica que os bons têm posto e lugar preferível na sociedade em todos os tempos. São os privilegiados. Porém, segundo os planos de Deus, talvez sejam os mais afastados os primeiros a escutar o Seu convite, que logicamente oferece o desejo de uma conversão: “Não vim chamar os justos; mas sim os pecadores ao arrependimento” (Lc 5,32).
Os que se consideram bons são como o fariseu que Jesus compara com o publicano na sua parábola: agradecem por serem diferentes dos demais homens numa sociedade constituída por ladrões, malfeitores e adúlteros (cf. Lc 18,11). Mas são estes últimos os que recebem a luz da fé e a justiça da conversão, os que realmente se veem a si mesmos à luz da verdade divina, que nos olha a todos como pecadores (cf. Rm 5,19) e busca nosso remédio de modo paternal (cf. Lc 15,20). Por isso, aqueles serão rejeitados e estes últimos, que imploram o perdão, serão justificados (cf. Lc 18,14).
A verdadeira justiça é um dom de Deus dado a quem sente necessidade desta virtude. Se temos dúvidas sobre a conduta divina é bom escutar as palavras de Jesus em Mateus 23, 13ss: “Ai de vós escribas e fariseus hipócritas…” Muitas dessas maldições talvez possam se dirigir a todos nós que estamos no lugar de destaque como correspondia às classes dirigentes na época de Jesus. Que devemos fazer? Admitir que nossa conduta deve se guiar pelos caminhos de Deus, ou seja, pelos caminhos da justiça.
Somos coerentes com a nossa palavra, ou pelo contrário, o nosso ‘sim’ pode ser ‘não’ e o nosso ‘não’ pode ser ‘sim’? Agir desta forma é exatamente o oposto do que fez Jesus. Ele que disse ‘sim’ ao ‘sim’ e ‘não’ ao ‘não’ (cf. Mt 5,37). Porque, se uma coisa má em si não pode ser boa apesar das boas intenções, uma intenção distorcida pode converter uma boa ação em pura hipocrisia (cf. Mt 5,2) ou em corrupta iniquidade (cf. Mt 23,28).
Agora eu lhe pergunto: com qual dos filhos você se identifica? Que autoridade você dá a Jesus em sua vida? Sua palavra é a Palavra de Deus ou a sua própria palavra é a última em suas decisões? Pense nisso. Especialmente em questão dos sete pecados capitais. Não basta dizer ‘sim’ à Palavra de Deus. É sobretudo fundamental que o meu ‘sim’ seja ‘sim’. E o meu ‘não’ seja ‘não’.
Padre Bantu Mendonça
A vontade de Deus, para eles, resultava secundária diante dos fins particulares que se ocultavam sob a aparência de religiosidade. O texto de hoje distingue o verdadeiro do falso e simboliza, nas duas condutas contraditórias, o que na realidade estava ocorrendo entre os judeus da época.
Cristo começa o seu discurso com a pergunta: “Que vos parece?” A pergunta é uma chamada de atenção para um exemplo que imita, em breves parágrafos, a realidade vivida nesses instantes. Vejo aqui não uma proposta, mas sim um mandato a trabalhar na vinha. Os dois respondem a esta ordem.
A resposta do primeiro filho foi um “não quero”. Mas logo se arrependeu e foi. Legalmente ele não cumpriu seu dever; mas, na realidade, ele acatou a vontade do pai e fez o que devia ter feito.
A resposta do segundo filho – aparentemente – foi de total conformidade. Mas seus atos desmentiram sua palavra.
Qual dos dois fez a vontade do pai? Evidentemente, a resposta não poderia ser outra a não ser a daquele filho que finalmente foi trabalhar na vinha. E Jesus agora responde à pergunta com que autoridade Ele havia expulsado os vendedores do Templo, pois comenta a resposta dos chefes dos fariseus e dos anciãos afirmando rotundamente: “Em verdade vos digo que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. Porque João veio até vós, num caminho de justiça, e vós não acreditastes nele”.
Tendo em vista que os publicanos e as prostitutas acreditaram em João e se converteram. Basta saber a pergunta dos publicanos que vieram a ser batizados por João: “Mestre, que devemos fazer?” (Lc 3,12). A palavra “Mestre” indica que eles acreditavam na palavra de João. Nada temos sobre as prostitutas. Sabemos, sim, que muitos publicanos e pecadores escutavam com agrado as palavras de Jesus como declara o Evangelho de Mateus 9,10 e, especialmente, em Lucas 15,1: “Todos os publicanos e pecadores estavam se aproximando para ouvi-lo”. Isso indica que estavam, no mínimo, interessados no Reino através de Jesus; o que não acontecia com os dirigentes judeus, escribas e fariseus, que só buscavam uma desculpa para poder condená-lo (Lc 6,7).
A parábola indica que os caminhos de Deus são diferentes dos caminhos da justiça humana. Segundo esta, não haveria muitas possibilidades para um arrependido se tornar um novo homem. Tudo indica que os bons têm posto e lugar preferível na sociedade em todos os tempos. São os privilegiados. Porém, segundo os planos de Deus, talvez sejam os mais afastados os primeiros a escutar o Seu convite, que logicamente oferece o desejo de uma conversão: “Não vim chamar os justos; mas sim os pecadores ao arrependimento” (Lc 5,32).
Os que se consideram bons são como o fariseu que Jesus compara com o publicano na sua parábola: agradecem por serem diferentes dos demais homens numa sociedade constituída por ladrões, malfeitores e adúlteros (cf. Lc 18,11). Mas são estes últimos os que recebem a luz da fé e a justiça da conversão, os que realmente se veem a si mesmos à luz da verdade divina, que nos olha a todos como pecadores (cf. Rm 5,19) e busca nosso remédio de modo paternal (cf. Lc 15,20). Por isso, aqueles serão rejeitados e estes últimos, que imploram o perdão, serão justificados (cf. Lc 18,14).
A verdadeira justiça é um dom de Deus dado a quem sente necessidade desta virtude. Se temos dúvidas sobre a conduta divina é bom escutar as palavras de Jesus em Mateus 23, 13ss: “Ai de vós escribas e fariseus hipócritas…” Muitas dessas maldições talvez possam se dirigir a todos nós que estamos no lugar de destaque como correspondia às classes dirigentes na época de Jesus. Que devemos fazer? Admitir que nossa conduta deve se guiar pelos caminhos de Deus, ou seja, pelos caminhos da justiça.
Somos coerentes com a nossa palavra, ou pelo contrário, o nosso ‘sim’ pode ser ‘não’ e o nosso ‘não’ pode ser ‘sim’? Agir desta forma é exatamente o oposto do que fez Jesus. Ele que disse ‘sim’ ao ‘sim’ e ‘não’ ao ‘não’ (cf. Mt 5,37). Porque, se uma coisa má em si não pode ser boa apesar das boas intenções, uma intenção distorcida pode converter uma boa ação em pura hipocrisia (cf. Mt 5,2) ou em corrupta iniquidade (cf. Mt 23,28).
Agora eu lhe pergunto: com qual dos filhos você se identifica? Que autoridade você dá a Jesus em sua vida? Sua palavra é a Palavra de Deus ou a sua própria palavra é a última em suas decisões? Pense nisso. Especialmente em questão dos sete pecados capitais. Não basta dizer ‘sim’ à Palavra de Deus. É sobretudo fundamental que o meu ‘sim’ seja ‘sim’. E o meu ‘não’ seja ‘não’.
Padre Bantu Mendonça
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