Ainda que o objetivo  principal da Santíssima Virgem não fosse o de orar, não podemos  imaginar que ela não reservasse largos momentos para sua oração, para  seu encontro pessoal, a sós, com o seu Menino-Deus, enquanto ajudava sua  prima. Também na passagem da Transfiguração não está explícito no texto  que Jesus subira para orar, mas é claro que Ele leva Seus discípulos a  um lugar à parte para rezar. Está implícito. Subentendido. E você?  Também tem reservado seus momentos para “subir ao monte” e rezar?
“Maria entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel” e esta, “repleta  do Espírito Santo, grita: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o  fruto do teu ventre. Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite?”. Naquele momento, Isabel tem o mesmo sentimento dos apóstolos: “É bom estarmos aqui!” Ela e João, bem como seu marido Zacarias, são beneficiados com a visita de Maria, que traz Jesus.
Um outro ponto  interessante é podermos associar as figuras de Moisés e Elias, que  conversam com Jesus, na Transfiguração, com a de Zacarias e João  Batista. Este foi o último dos profetas e apontado pelo próprio Cristo  como figura de Elias. O sacerdote Zacarias exercia sua função  no Templo oferecendo sacrifícios e intercedendo pelo povo como fazia  também Moisés, embora não existisse o Templo.
Na Transfiguração, Pedro propõe: “Façamos três tendas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Na  Visitação, Deus havia providenciado três tendas: A primeira era a  própria casa de Zacarias. A segunda era o ventre de Isabel que abrigou  João Batista, e a terceira, o ventre de Maria, que recebeu Jesus. Vemos  nas três um certo crescimento em ordem de construção: A primeira a casa  fora feita por mãos humanas; a segunda, o ventre de Isabel, a primeira  mulher grávida que recebe o Espírito Santo pela visita de Jesus no seio  de Maria; e, por fim, a própria Maria, a Imaculada, a concebida sem  pecado, foi a tenda perfeita para Jesus.
Maria, com efeito, é venerada na Ladainha com o título de “Casa de  Ouro”. Zacarias, João Batista e Jesus também podiam, cada um a seu modo,  dizer: “É bom estarmos aqui!” “Este é um lugar seguro, pois aqui habita Deus!” E para você? Será que sua casa é um lugar seguro, onde Deus faz sua morada?Da nuvem luminosa saiu uma voz que disse: “Este é o meu Filho amado em quem pus toda minha afeição, ouvi-o” ou “Este é o meu Filho bem-amado, aquele que me aprouve escolher. Ouvi-o” (cf.  as traduções da Ave-Maria e TEB, respectivamente). Há uma diferença,  embora sutil, entre as duas traduções, mas somente nos lábios de Nossa  Senhora podemos colocar estas mesmas palavras vindas do Pai, dirigidas  ao Filho, inspiradas pelo Espírito Santo: “Este é o meu filho muito  amado, aquele em quem ponho toda a minha afeição e a quem eu disse ‘sim’  para que Ele fosse gerado. Eu o escolhi. Ouvi-o”. “Fazei tudo o que Ele  vos disser” (cf. Jo 2,5), completaria ela em Caná da Galileia.
Depois destas  leituras e meditações, já não temos muitas razões para orar e  contemplar? Faça, então, você mesmo sua oração, você que é templo do  Espírito Santo (cf. I Cor 6,19). Glorifique o Senhor pelas maravilhas  que Ele faz em sua vida. Se quiser, inicie com o cântico de Maria, o Magnificat em Lc 1,46-55. Mas deixe-se conduzir pelo Espírito!
Para sua  contemplação, sugiro que “pinte” mentalmente um ícone com os seguintes  personagens: Maria grávida de Jesus, ao centro. Isabel, exultando no  Espírito com a visita, tendo o pequeno João Batista “pulando” de alegria  no seu ventre. No outro lado, o mudo sacerdote Zacarias em atitude de  respeito e adoração àquela divina presença em sua casa. Uma nuvem  luminosa do Espírito Santo envolvendo todo o ambiente em que se  encontram e acima de todos um triângulo representando a voz do Pai.  Permaneça em silêncio por um bom tempo, contemplando este lindo mistério  de uma visita transfigurada do Senhor.
Padre Bantu Mendonça

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