No fim de ano é comum a saudação “Feliz Natal! Boas festas!”. Mas será que esta saudação ainda carrega consigo seu profundo valor religioso? É o que nos convida a pensar o Papa Bento XVI na Catequese desta quarta-feira, 21.
Na Audiência Geral realizada na Sala Paulo VI, o Santo Padre se encontrou com grupos de peregrinos e fiéis vindos da Itália e de todo mundo e alertou-os a ver o verdadeiro sentido do Natal, aquele sagrado e cristão, sem distrair-se pelas realidades externas, de modo que “também a nossa alegria não seja superficial, mas profunda”.
“O Natal, de fato, não é simplesmente o aniversário do nascimento de Jesus, é isso também, mas é mais que isso, é a celebração de um Mistério que marcou e continua a marcar a história do homem: o próprio Deus veio habitar em meio a nós (cfr Jo 1,14), se fez um de nós; um Mistério que afeta nossa fé e nossa existência; um Mistério que vivemos concretamente na Celebração Litúrgica, especialmente na Santa Missa”, explica o Pontífice.
Mas como viver hoje o Natal? Bento XVI lembra que o
Salmo Responsorial da Missa de Natal diz “Hoje nasceu para nós o Salvador”. Esse advérbio de tempo “hoje” aparece mais vezes nas celebrações natalinas mostrando que tal acontecimento ultrapassa os limites do espaço e do tempo e se torna atual, presente, e o seu efeito é contínuo, mesmo com o passar dos dias, dos anos e dos séculos.
“Indicando que Jesus nasce ‘hoje’, a Liturgia não usa uma frase sem sentido, mas destaca que este Nascimento investe e permeia toda a história, e permanece uma realidade, na qual, também hoje, podemos alcançar”, destaca o Papa.
Deus está entre nós
A celebração do Natal renova a certeza que Deus está realmente presente em meio a humanidade, ele se faz carne naquele Menino nascido em Belém. “Nós podemos encontrá-lo agora, num ‘hoje’ que não acabou”, reforça o Santo Padre.
Ao repetir “hoje nasceu para nós o Salvador” não é usada uma expressão vaga e convencional, mas ressalta que Deus oferece “hoje, agora, a cada um a possibilidade de reconhecê-lo e acolhê-lo, como fizeram os pastores em Belém, porque Ele nasceu também na vida de cada um e a renova, e ilumina com a Sua graça, com a Sua presença”.
“Hoje, o autor do mundo foi gerado do ventre de uma virgem: aquele que fez todas as coisas se fez filho de uma mulher que ele mesmo criou. Hoje o Verbo de Deus apareceu revestido de carne e, enquanto jamais foi visível aos olhos humanos, se torna, além de visível, palpável”, disse o Papa ao recordar as palavras de São Leão Magno.
Natal e Páscoa: dois eventos de uma única obra de redenção
Bento XVI sublinha ainda outro aspecto: o Nascimento de Cristo, em Belém, à luz do Mistério Pascal: um e outro são parte de uma única obra de redenção de Cristo.
“A Encarnação e o nascimento de Jesus nos convidam já a voltar o olhar em direção a Sua morte e a Sua ressurreição: o Natal e a Páscoa são do mesmo modo festa de redenção”, esclarece o Pontífice.
A Páscoa, explica o Papa, é celebrada como vitória sobre o pecado e sobre a morte, a entrada de Deus na história, fazendo-se homem para levar novamente o homem a Deus.
“No Natal nós encontramos a ternura e o amor de Deus que está acima de nossos limites, nossas fraquezas, nossos pecados e que se abaixa até nós. São Paulo afirma que Jesus Cristo, “sendo ele de condição divina (…) esvaziou-se a si mesmo, tomando a condição de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (Fl 2,6-7), ressalta o Pontífice.
Eucaristia: momento central do Natal
Bento XVI reforça que na Celebração Eucarística, momento central do Santo Natal, está presente de maneira real Jesus, verdadeiro Pão que desceu do Céu, verdadeiro Cordeiro sacrificado para a salvação da humanidade.
“Sobretudo, contemplemos e vivamos este Mistério na celebração da Eucaristia, centro do Santo Natal; ali está presente de maneira real Jesus”, descata.
Saudação do Santo Padre Bento XVI
Ao final da Catequese, o Papa deixou seus votos de Natal aos peregrinos de língua portuguesa:
“Desejo a todos vós e às vossas famílias um Natal verdadeiramente cristão, de tal modo que os votos de “Boas Festas, que ides trocar uns com os outros, sejam expressão da alegria que sentis por saber que Deus está no meio de nós e deseja percorrer conosco o caminho da vida. Para todos, um santo Natal e um bom Ano Novo, repleto das bênçãos do Deus Menino!”.